Primos ou irmãos de Jesus?

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Autor: Nilson Sergio Lima

Profissão de Fé Cristão Evangélico a 15 anos, batista e e obreiro da 1ª Igreja Bastista em Mata Roma, pastoreio esta amada igreja a 6 anos. Formação acdêmica Bacharel em Administração Pública pela (UEMA). Servidor Público a mais 17 anos. Na área teológica, concludente do Curso de Capacitação Teológica pelo Centro de Treinamento Bíblico para Pastores – CTBP.  Portanto, nossas publicações buscar conciliar conhecimento e experiência para ajudar pessoas na sua vida espiritual.

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Primos ou irmãos de Jesus?

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Neste artigo, abordamos a temática “Primos ou irmãos de Jesus?. Certamente, está questão sobre se Jesus teve irmãos biológicos é um dos temas mais debatidos na teologia cristã. As passagens de Marcos 6:3 e Mateus 13:55-56 fazem referência a “irmãos” e “irmãs” de Jesus, suscitando diferentes interpretações entre católicos e protestantes. 

Nestes aspectos, para os protestantes, esses “irmãos” seriam filhos de José e Maria, enquanto a Igreja Católica ensina que Maria permaneceu virgem perpetuamente e que os mencionados “irmãos” seriam primos ou parentes próximos de Jesus.

Neste particular, lembro-me no inicio de minha caminha com Cristo, logo após a minha conversão em debate em sala-de-aula com uma amiga católica, que fez a sua apologética sobre o termo irmãos se referir a primos. Bem como, argumentando que nem o hebraico e nem o aramaico não tinham palavras para primos e era usado o temo irmãos.

Nestes aspectos, fiquei naquele momento sem ter uma resposta. Contudo, lembro que lhe disse “deve ter alguma explicação que ainda não sei, mas vou estudar”.

Este artigo busca uma investigação profunda e imparcial, explorando as fontes bíblicas, os aspectos linguísticos e culturais, bem como as distintas abordagens teológicas sobre o tema. 

1. Análise dos Textos-Chave

Os textos de Marcos e Mateus contêm referências diretas aos chamados “irmãos e irmãs” de Jesus. Para compreender melhor seu significado, devemos examinar atentamente essas passagens.

Marcos 6:3

“Não é este o carpinteiro, filho de Maria, e irmão de Tiago, José, Judas e Simão? E não estão aqui conosco suas irmãs? E escandalizavam-se nele.”

Esse versículo mostra que os habitantes de Nazaré identificavam Jesus como o “filho de Maria” e listavam quatro homens como seus “irmãos”. Além disso, o texto menciona “irmãs”, embora sem citar seus nomes. 

Logo, o fato de os moradores da cidade usarem essa linguagem sugere um vínculo familiar próximo, mas o significado exato da palavra “irmãos” ainda precisa ser analisado no contexto cultural e linguístico.

Mateus 13:55-56

“Não é este o filho do carpinteiro? E sua mãe não se chama Maria, e seus irmãos não são Tiago, José, Simão e Judas? E não estão entre nós todas as suas irmãs? Donde lhe vem, pois, tudo isto?”

Essa passagem é semelhante à de Marcos, mas adiciona a informação de que Jesus é chamado de “filho do carpinteiro”, referindo-se a José. 

Portanto, os mesmos “irmãos” são nomeados e novamente são mencionadas “irmãs”. Assim, o texto parece implicar uma relação familiar direta, mas isso é debatido entre protestantes e católicos.

2. O Significado de "Irmãos" na Cultura Judaica e no Grego

O termo grego adelphoi (ἀδελφοί) pode significar tanto irmãos biológicos quanto parentes próximos, dependendo do contexto. No hebraico e aramaico, as línguas faladas por Jesus e seus contemporâneos, o equivalente à palavra “irmão” (ach, אַח) podia ser usado para descrever primos, sobrinhos ou mesmo membros de um mesmo clã. 

No entanto, é crucial lembrar que o Novo Testamento foi escrito em grego, e nessa língua há uma distinção clara entre “irmão” (adelphos) e “primo” (anepsios).

Exemplo bíblico relevante:

  • Colossenses 4:10 – “Saúda-vos Aristarco, meu companheiro de prisão, e Marcos, primo (anepsios) de Barnabé…” 

Neste particular, Paulo usa anepsios para especificar que Marcos era primo de Barnabé, demonstrando que a língua grega possuía um termo próprio para essa relação.

3. Referências a Tiago e Judas

Gálatas 1:19

“E não vi a nenhum outro dos apóstolos, senão a Tiago, o irmão do Senhor.”

Aqui, Paulo relata que, ao visitar Jerusalém, encontrou apenas Tiago, a quem chama explicitamente de “irmão do Senhor”. 

Essa passagem é significativa, pois Paulo, que escreveu suas cartas em grego, poderia ter utilizado outro termo se quisesse indicar um parentesco mais distante como a palavra anepsios para primo. Entretanto, no texto original grego de Gálatas 1:19, o termo usado para “irmão” é ἀδελφός (adelphos). 

Nestes aspectos, Paulo, como escritor altamente educado e fluente no grego koiné, certamente tinha o conhecimento necessário para diferenciar os termos gregos que designam relações familiares, como “irmão” (adelphos) e “primo” (anepsios). 

Portnto, esse domínio do idioma é evidente nas epístolas paulinas, onde ele usa termos precisos para transmitir suas ideias teológicas.

Judas 1:1

Na epístola de Judas, o termo usado para “irmão” no texto original grego é ἀδελφός (adelphos)

“Judas, servo de Jesus Cristo, e irmão de Tiago…”

Aqui, o termo ἀδελφός é empregado para descrever Judas como “irmão” de Tiago. Neste sentido, poderia ser um dos “irmãos” de Jesus mencionados nos Evangelhos (Marcos 6:3 e Mateus 13:55-56), dado que Tiago também é frequentemente identificado como “irmão do Senhor”. 

Além disso, o autor da carta de Judas se apresenta como “irmão de Tiago”, sem mencionar ser irmão de Jesus diretamente. No entanto, estudiosos argumentam que essa omissão poderia ser uma forma de humildade ou respeito a Cristo.

Portanto, ambas as referências reforçam que Tiago e Judas tinham um vínculo próximo com Jesus e o que melhor expressa essa verdade é que ambos são irmãos de sangue, ou seja, filhos de Maria.

4. Na Perspectiva Protestante

Depois de termos analisados o contexto referenter aos termos primos e irmãos de Jesus. Anasilaremos, de forma mais particular esta questão sob a perspectiva protestante.

Nestes aspectos, a perspectiva protestante sobre os “irmãos” e “irmãs” de Jesus é, em muitos casos, fundamentada em uma leitura literal dos textos bíblicos. 

Neste sentido, para os protestantes, a Bíblia é vista como a autoridade final em questões de fé e prática, e essa ênfase na Escritura orienta sua interpretação dos termos usados em passagens como Marcos 6:3 e Mateus 13:55-56, entre outras.

Isso se baseia em uma leitura direta e literal das palavras gregas ἀδελφοί (adelphoi) e ἀδελφαί (adelphai), que comumente designam irmãos biológicos no Novo Testamento.

Além disso, os protestantes também consideram outros trechos das Escrituras que mencionam os “irmãos” de Jesus, como João 7:5 (“nem mesmo seus irmãos criam nele”) e Atos 1:14 (“com Maria, mãe de Jesus, e com os irmãos dele”). 

Nesses contextos, os “irmãos” aparecem como indivíduos com convivência próxima de Jesus, reforçando a interpretação de um relacionamento biológico.

Por último, embora rejeitem a virgindade perpétua, os protestantes reconhecem Maria como uma figura central na narrativa do Evangelho. Neste sentido, há um reconhecimento de Maria como um exemplo de fé e obediência, mas sem atribuir-lhe características ou papéis além do que está explicitamente registrado na Bíblia.

Portanto, a rejeição da interpretação católica sobre os “irmãos” de Jesus não diminui o respeito por Maria, mas reflete um compromisso com uma interpretação bíblica que priorize a clareza textual.

Em resumo, a perspectiva protestante sobre os “irmãos” e “irmãs” de Jesus é moldada por uma abordagem literal e baseada unicamente nas Escrituras, o que leva à interpretação de que esses termos referem-se a filhos biológicos de Maria e José.

Esse ponto de vista reflete não apenas uma interpretação textual, mas também um princípio central da tradição protestante: a supremacia da Bíblia como autoridade final.

5. Na Perspectiva Católica

A interpretação Católica Apostólica Romana sobre os “irmãos” de Jesus está intrinsecamente ligada à doutrina da virgindade perpétua de Maria. Essa crença, afirma que Maria permaneceu virgem antes, durante e após o nascimento de Jesus, o que impacta diretamente a interpretação dos textos de Marcos 6:3 e Mateus 13:55-56. 

No entanto, cabe ressaltarmos que a doutrina da virgindade perpétua não aparece nos Evangelhos, nem nas cartas ou epístolas do Novo Testamento, mas é central na teologia mariana católica,  definida como dogma no Concílio de Latrão (649 d.C.). 

Além disso, a crença sustenta que Maria, sendo a Mãe de Deus (Theotokos), foi consagrada totalmente a Deus, permanecendo sem relações conjugais após o nascimento de Jesus.

A seguir, os demais pontos da argumentação católica que defender primos ao invés de irmãos de Jesus:

“Irmãos” como parentes próximos na cultura judaica

No contexto judaico do século I, era comum usar a palavra “irmãos” (adelphoi) para designar primos ou parentes mais distantes. Esse uso amplo é observado na Septuaginta, onde o termo “adelphos” é frequentemente empregado para se referir a parentes não biológicos (por exemplo, Gênesis 13:8, referindo-se a Abraão e Ló).

Testemunho dos Pais da Igreja

Os Pais da Igreja desempenharam um papel fundamental na formação da interpretação católica. Entre eles:

  • Santo Jerônimo (Século IV): Defendeu que os “irmãos” de Jesus eram, na verdade, filhos de uma outra “Maria”, esposa de Cléofas, citada em João 19:25. Ele utilizou a tradição oral e a comparação entre passagens dos Evangelhos para sustentar essa posição.

  • Orígenes (Século III): Também argumentou a favor da virgindade perpétua de Maria, ressaltando que os Evangelhos não indicam que Maria tenha tido outros filhos além de Jesus.

  • Agostinho de Hipona (Século IV-V): Considerava a virgindade de Maria essencial para o entendimento de sua total devoção a Deus e da singularidade do nascimento de Cristo.

O papel teológico de Maria na Igreja Católica

A figura de Maria possui um papel único e central na teologia católica. A virgindade perpétua não é vista apenas como um atributo físico, mas como símbolo de sua pureza espiritual e entrega total à vontade divina.

Nesse sentido, a interpretação de que os “irmãos” de Jesus seriam primos ou parentes reforça a ideia de que Maria teve uma missão singular e incomparável como Mãe do Salvador.

Em resumo, a interpretação Católica Apostólica Romana sobre os “irmãos” de Jesus é amplamente fundamentada em um conjunto de argumentos teológicos, patrísticos e linguísticos, bem como na visão de Maria como figura singular na história da salvação.
 
Esta perspectiva reflete não apenas uma exegese dos textos bíblicos, mas também o desenvolvimento da tradição eclesiástica que busca honrar o papel de Maria na encarnação de Cristo.

Considerações Finais

Finalizando, o artigo sob o título  “Primos ou irmãos de Jesus?”, concluímos que a interpretação literal dos textos bíblicos acerca dos “irmãos” e “irmãs” de Jesus, como apresentada em Marcos 6:3 e Mateus 13:55-56, apresenta-se como a abordagem mais coerente dentro da análise contextual e linguística do Novo Testamento. 

Nestes aspectos, o uso do termo adelphos (ἀδελφός), quando considerado na simplicidade textual e na ausência de indicações específicas de que seriam primos ou parentes distantes, aponta para uma leitura que sugere um vínculo biológico. 

Neste sentido, essa interpretação, além de respeitar a clareza do texto, também evita a inserção de suposições ou tradições que não se encontram explicitamente nas Escrituras.

Por outro lado, a tradição católica, ao sustentar a virgindade perpétua de Maria, baseia-se em desenvolvimentos doutrinários posteriores e em interpretações patrísticas que vão além daquilo que está revelado nos textos sagrados. 

Portanto, essa abordagem pode levar à introdução de elementos não bíblicos no entendimento da fé cristã, desviando o foco do papel central de Cristo e de Sua obra redentora.

Então, é crucial destacar os perigos de uma má interpretação ou da dependência excessiva de tradições humanas no plano da salvação. Assim, quando elementos doutrinários adicionais são colocados ao lado ou acima da Escritura, corre-se o risco de comprometer a simplicidade e a clareza do Evangelho. 

Além disso, pode levar a uma ênfase exagerada em aspectos periféricos, como a figura de Maria, em detrimento da centralidade de Jesus Cristo como único Salvador e Mediador entre Deus e os homens (1 Timóteo 2:5). 

No mais, a introdução de conceitos extrabíblicos pode criar confusões teológicas que dificultam o pleno entendimento do plano divino de redenção na pessoa de Jesus.

Portanto, defender a literalidade dos textos bíblicos, como a interpretação de que os “irmãos” de Jesus eram filhos biológicos de Maria e José, é uma postura que honra a suficiência e a autoridade das Escrituras. 

Logo, essa fidelidade à Palavra de Deus nos protege de desvios doutrinários e mantém o foco onde sempre deve estar: na pessoa de Jesus Cristo, cuja vida, morte e ressurreição são a base da nossa fé e esperança de salvação.

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