1 EXPOSIÇÃO BÍBLICA EM 1 PEDRO
A situação do povo de Deus no mundo
A) INTRODUÇÃO
A “1 Exposição Bíblica em 1 Pedro” é um artigo introdutório. Contudo, devido seu contexto histórico faz-se necessários algumas informações preliminares que julgamos essenciais para a compreensão do leitor. Consequentemente, o artigo será um pouco extenso para que se compreenda todo a panorama bíblico envolvendo a “1 Exposição Bíblica em 1 Pedro”. Bem como, todas as demais publicações futuras sobre o que o apóstolo Pedro Escreveu.
Então, a “1 Exposição Bíblica em 1 Pedro” trata-se sobre a Epístola ou carta destinada aos eleitos de Deus. Bem como, aos dispersos nas cinco províncias romanas na região da Ásia Menor: Ponto, na Galácia, na Capadócia, na província da Ásia e na Bitínia. (1:1). Hoje, sabemos que essa região localiza-se na Turquia.
Ainda, seu autor é o apostolo Pedro. Então, a época era o século I de nossa era, por volta do ano 64-65, com domínio político do império romano, tendo um dos mais cruéis imperadores no poder – NERO.
Além disso, o contexto social, cultural e econômico advinha de uma atmosfera de total perseguição aos cristãos de linha judaica, no entanto não exclui cristãos de origem gentílica. Neste aspecto, 1 Pedro foi escrita para ajudar os cristãos espalhados pela região da Ásia Menor a enfrentar e suportar as provas de uma tríplice perseguição: “os romanos, os judeus e seus próprios familiares”[1].
Assim, quando olhamos a luz da história antiga, podemos fazer uma alusão aos acontecimentos atuais referente a perseguição contra os cristãos no mundo na atualidade; onde os romanos representam o Estado, os judeus representam as religiões e vemos também em muitos familiares agentes atuais de perseguição.
Portanto, a “1 Exposição Bíblica em 1 Pedro” aborda dois aspectos da SITUAÇÃO DO POVO DE DEUS NO MUNDO, (1) Odiado pelo mundo (v. 1), pois eram peregrinos e dispersos; (2) Amados por Deus, por sermos eleitos, pela obra santificadora do Espírito Santo, alcançados pela aspersão do sangue de Jesus Cristo, tendo em vista a igreja de Jesus Cristo como povo de Deus no mundo. Todavia, não encontramos a palavra igreja no texto de forma explicita; mas isso, não excluí o entendimento de igreja no texto implicitamente.
Neste sentido, “1 Exposição Bíblica em 1 Pedro” para demonstrar o que falamos. Certamente, a bíblia traz muitas analogias para referir-se ao povo de Deus, como vemos em Romanos 5:5 “assim também em Cristo nós, que somos muito, formamos um corpo, e cada membro está ligado a todos os outros” e aqueles que são chamados “eleitos de Deus” entre outras analogias referente aos seus servos.
Assim, identificamos como igreja em Colossense 1:24 “Agora me alegro em meus sofrimentos por vocês, e completo no meu corpo o que resta das aflições de Cristo, em favor de seu corpo, que é a igreja”.
Neste aspecto, “os muitos, que formam um corpo”, ou seja, o corpo de Cristo que é sua igreja, mas no tempo da carta de I Pedro, falou especificamente aos muitos membros deste corpo dispersos nas cinco províncias romanas na região da Ásia Menor, para confortar seus corações, pois os mesmos se encontravam em duas situações não muito confortáveis, com uma perspectiva de futuro de perseguição e grande aflições impostas pelo cruel imperador romano Nero.
Definitivamente, a essas aflições o apostolo Pedro estava bem familiarizado, perseguido pelos Judeus e também pelos romanos, confortava o coração dos irmãos dispersos na Ásia Menor e não somente eles sofriam por ser amados por Deus, mas a irmandade no mundo inteiro passa pelos mesmos sofrimentos (I Pe 5:6-9).
NESTA OPORTUNIDADE DISCORREREMOS SOBRE A SITUAÇÃO DO POVO DE DEUS NO MUNDO:
1º SITUAÇÃO DO POVO DE DEUS NO MUNDO: ODIADOS PELOS MUNDO (v. 1)
- – ERAM PEREGRINOS
Primeiramente, eram estrangeiros, ou seja, estranhos neste mundo, pois, viviam esperando uma pátria superior, ou seja, a celestial. Assim, como fluirá dos heróis da fé da Antiga Aliança, os crentes do Novo Testamento, também viveram de forma a demonstrar esta mesma esperança como lemos em Hebreus 11:13,14, 16. Bem como, FALANDO DOS HERÓIS DA FÉ DIZ “reconhecendo que eram estrangeiros e peregrinos na terra. Os que assim falam mostram que estão buscando uma pátria. […] esperavam eles uma pátria melhor, isto é, a pátria celestial
Logo, esta atitude de peregrinação trouxe sofrimento tantos para os Santos da Antiga Aliança, quanto da Nova Aliança. Afinal, trouxe perseguição, dor e sofrimentos diversos aos homens e mulheres que pela graça de nosso Senhor, viveram neste mundo, como se não fosse dele, mas como fossem de uma pátria celestial.
Nestes aspectos, o mundo voltou-se contra aqueles que vivem não para o mundo, mas para Deus em Cristo Jesus como lemos em Mateus 10:22 “E odiados de todos sereis por causa do meu nome; mas aquele que perseverar até ao fim, esse será salvo”.
Todavia, aprendemos uma lição profunda, viver para Deus e preservar na fé é alcançar a salvação no nome de Jesus e receber as benção por suportar as tribulações que são diversas, como paciência, experiência, esperança, como lemos em Romanos 5:3-5:
“E não somente isto, mas também nos gloriamos nas tribulações; sabendo que a tribulação produz a paciência, E a paciência a experiência, e a experiência a esperança. E a esperança não traz confusão, porquanto o amor de Deus está derramado em nossos corações pelo Espírito Santo que nos foi dado”.
Esta esperança foi levada pelas velas das embarcações da vida de homens e mulheres que levavam na pulsação de seus corações o evangelho de nosso Senhor Jesus, conduzidos e alimentados pelo Espírito Santo até os confins da terra, por expressarem em sua vida a peregrinação cristã no poder do Espírito Santo.
1.2: ERAM DISPERSOS:
Segundo, eram espalhados. Com certeza, não porque seus perseguidores fossem mais poderosos. Contudo, para um objetivo, ou seja, para difundir as boas novas da salvação no nome de Jesus em toda aquela região da Ásia Menor, como um prelúdio do que iria acontecer no mundo inteiro.
Nestes aspectos, podemos sentir pela vontade expressa de nosso Senhor Jesus esse desejo na vida cristã genuina. Bem como, deu ordens as discípulos Mateus 28:19 “Portanto ide, fazei discípulos de todas as nações […]”. Pois, o Senhor tinha outras ovelhas que não são deste aprisco. É necessário que eu as conduza também. Elas ouvirão a minha voz, e haverá um só rebanho e um só pastor. João 10:16
Como resultado, é que o evangelho foi pregado pelas virtudes do Espírito Santo em Jerusalém, na Judeia, Samaria e até ao confins do mundo (Atos 1:8) e hoje, após 21 séculos de história do cristianismo é considerado a maior religião do planeta com aproximadamente 2,2 bilhões de adeptos segundo a Revista Super Interessante da Editora Abril.
Aqui cabe ressaltar, a voz profética de Jesus se referindo as suas ovelhas de todas as nações, línguas, etnias e povos “Elas ouvirão a minha voz”. então, quem nos dias de Jesus poderiam imaginar que aquele galileu nazareno, acompanhado de alguns poucos seguidores iriam impactar o mundo através de seus discípulos e chegar a bilhões de seguidores?
Outra característica marcante, é que nunca existiu e nem vai existir alguém tanto amado e odiado em seu tempo, quanto nos nosso dias atuais, quanto Jesus Cristo. Bem como, por falar aos corações por conhecê-los no mais profundo de seu íntimo e denunciar os pecados ocultos na mente e nos corações dos homens.
Neste sentido, este mesmo ódio demonstrado a Jesus. Certamente, segue-se também aos seus discípulos. Contudo, este é outro aspecto profético de Jesus visto em Mateus 10:22 “e odiado de todos sereis por causa do meu nome […]” e testemunhado ao logo da história. Consequentemente, isso fez com que a história do cristianismo e seu desenvolvimento se misture com a história de implacáveis perseguições aos cristãos de todos os tempos;
Enfim, começando pela perseguição dos judeus, seguidas por uma série de perseguição pelo Império Romano através de seus imperadores que de acordo (A. Knight & W. Anglin, p. 8, 1983) “Esta perseguição, instigada pelo imperador romano Nero, foi a primeira das dez perseguições gerais que continuaram, quase sem interrupção, durante três séculos”. Pedro instruiu os dispersos da Ásia Menor a perseverarem nesta feroz perseguição pelo imperador Nero aos cristãos do século primeiro, sendo ele mesmo um glorioso exemplo de martírio, juntamente com os demais discípulos e apóstolos.
Estevão foi apedrejado; Mateus morto na Etiópia; Marcos arrastado através das ruas até morrer; Lucas enforcado; Pedro Simeão crucificados; André amarrado a uma cruz; Tiago degolado; Felipe, crucificado e apedrejado; Bartolomeu esfolado vivo; Tomé transpassado com lanças; Tiago, o menor, foi jogado do templo e espancado até morrer Judas (o Zelote) morreu cravejado de flechas; Matias apedrejado e Paulo decapitado! (CARROLL, J. M. p. 29, edição 2007, PDF)
Além disso, após estes três primeiros séculos de perseguição incessante, imposta pelos imperadores romanos não foi capaz de parar o crescimento da igreja. No entanto, os próximos 1.200 anos não seriam nada fáceis, pelo adultério dado pelo casamento ilegal do Imperador romano Constantino com o cristianismo o que se consolidou mais tarde na égide do catolicismo romano, criando um novo tipo de perseguição.
Assim, essa nova perseguição é caracterizada segundo (CARROLL, J. M. p. 41, edição 2007, PDF) “Os cristãos nominais começaram a perseguir os cristãos” ou seja, entende-se por cristão nominal aqueles que aceitaram os erros teológicos advindo do casamento entre Constantino e o cristianismo e a terminologia “cristão” aqueles que se mantiveram fiéis a Cristo e aos ensinos apostólicos.
Portanto, as perseguições pelo estabelecimento da Igreja Católica de acordo com (CARROLL, J. M. p. 47, edição 2007, PDF) “são duras, cruéis e perpétuas”, estas traduzidas pelos chamados concílios católicos. Então, entre os muitos concílio o mais marcante no quesito perseguição aconteceu em 1215, convocado pelo Papa Inocêncio III, que de acordo com (CARROLL, J. M. p. 62-63, edição 2007, PDF) foi “o mais sangrento evento de todos que têm sido trazidos sobre os povos em toda a história do mundo, foi o que é conhecido como a “Inquisição” e outros tribunais semelhantes, criados para processar e combater a “heresia””.
Enfim, as consequências da inquisição na história da humanidade. Certamente, são catastróficas. Afinal, milhões de cristãos mortos em nome da hegemonia de poder político e religioso da Igreja Católica.
Na atualidade de acordo com o site Portas Abertas existem “Mais de 245 milhões de cristãos no mundo enfrentam algum tipo de oposição como resultado de sua identificação com Jesus Cristo.” Mas este número deve ser bem maior, pois, o site Ataleia ligada a Igreja Católica apresenta estudo estatístico que demonstram o aumento de perseguição aos cristãos em países como: Iraque, a Síria, o Egito, a Nigéria, a Índia, o Paquistão, a China, a Coreia do Norte, a Eritreia, a Turquia, a Arábia Saudita, o Irã e o Sudão. O site GospelPrime pontua e correlaciona as perseguições nestes países:
- China: imposição do comunismo ateísta,
- Egito: mais ataques sangrentos,
- Eritreia: presos por sua fé
- Índia: embate com o nacionalismo hindu
- Irã: medo da religião ‘estrangeira’
- Iraque: mais de 80% dos cristãos morreram ou foram expulsos
- Nigéria: limpeza étnica e religiosa
- Coréia do Norte: os cristãos são os novos judeus
- Paquistão: o governo patrocina o terror
- Arábia Saudita: inferno na Terra
- Sudão: governo patrocina o ódio
- Síria: cristãos encurralados
- Turquia: novo califado otomano
Diante de toda história cristã em meio as turbulentas perseguições religiosas e políticas tanto do passado, quanto do presente contra cristãos no mundo inteiro, como viver uma vida cristã que agrada a Deus?
Cabe ressaltar em meio a pergunta acima, que a igreja de Cristo nunca deixou de lutar pelos seus ideais cristãos em meio as perseguições e sofrimentos. No entanto, pela Escritura sabemos 2 Coríntios 10:4 “Porque as armas da nossa milícia não são carnais, mas sim poderosas em Deus para destruição das fortalezas”. Neste aspecto, a igreja militante é uma igreja que sofre, mas não se empregar das armas carnais, mas espirituais. No ousado e santo Estevão temos um exemplo do verdadeiro crente militante, entre muitos outros.
2º SITUAÇÃO DO POVO DE DEUS NO MUNDO: AMADOS POR DEUS (v. 2)
2.1 POR SERMOS ELEITOS POR DEUS PAI
Neste momento devemos fazer a seguinte reflexão sobre o termo “eleitos”, pois, se a Escrituras fala de eleitos é porque houve uma eleição, correto? Mas, o que é eleição, quem são os eleitos e quem os elegeu? Todavia, quando se fala de eleição na bíblia devemos investigar minuciosamente do que se trata o termo “eleição” para que não caíamos em erros e não distorçamos a palavra de Deus dando outro sentido senão o bíblico.
De acordo com o Dicionário Bíblico Strong, conceituamos o termo eleitos como “seleção dos escolhidos por Deus para obter a salvação em Cristo”. Neste mesmo conceito, encontramos no próprio Deus o autor da eleição, verdade está revelada tanto no Antigo Testamento, quanto no Novo Testamento.
Nestes aspectos, de acordo com Louis Berkhof (p. 107, 2009) A Bíblia fala de eleição em mais de um sentido:
Há (1) a eleição de Israel como povo, para privilégios especiais e serviço especial, Dt 4.37; 7.6-8; 10.15; Os 13.5.
(2) A eleição de indivíduos para algum ofício, ou para a realização de algum serviço especial, como Moisés Ex 3, os sacerdotes, Dt 18.5, os reis, 1 Sm 10.24; Sl 78.70, os profetas, Jr 1.5, e os apóstolos, Jo 6.70; At 9.15.
(3) A eleição de indivíduos para serem filhos de Deus e herdeiros da glória eterna, Mt22.14;Rm1 1.5; 1Co 1.27, 28; Ef 1.4;1 T s 1.4;1Pe 1.2; 2 Pe1.10.
Aprendemos uma lição importante, qual seja, em ambos os conceitos dado por Berkhof, eleição fala única e exclusiva do povo de Deus, seja como eleição de Israel, Eleição de individuo para algum ofício/serviço ou eleição de indivíduos para serem filhos Deus.
Neste sentido, trataremos 1 Pedro 1:2 o termo eleição, como expressado pela opção (3), que fala de indivíduos que foram eleitos “para serem filhos de Deus e herdeiros da glória de Deus”, por meio da fé em Jesus, no entanto não exclui a opção (2), pois, o Senhor continua a separa servos dentre os servos para realizarem serviços especiais. A partir deste entendimento bíblico e conceitual do termo eleição, nossa compreensão torna-se clara, o motivo por que o mundo odeia o povo de Deus, vista, testemunhada e sentida este ódio de forma tão clara e cruel no transcorrer da história.
Neste ponto, julgo necessário abrir um parêntese para tratarmos sobre o termo “predestinação”, assunto este que tem íntima ligação com o termo “eleição” tratado nos parágrafos acima e com o termo que ainda iremos tratar nos parágrafos seguintes sobre “presciência de Deus”. Pois, segundo Louis Berkhof (p. 107, 2009), “a predestinação inclui duas partes, a saber, eleição e reprovação”. No entanto, trataremos a parte da eleição como matéria de estudo em 1Pe 1:2.
Mas o que é predestinação? De acordo com o Dicionário Bíblico Strong “(1) predeterminar, decidir de antemão (2) no NT do decreto de Deus desde a eternidade (3) preordenar, designar de antemão”. Todavia, cabe ressaltar que “predestinação” é um tema bíblico encontrado nas páginas da sagrada Escritura do Antigo e Novo Testamento (Pv 16:4; At 4:28; Rm 8:29; 9:11; Ef 1:4; 3:11; 1Pe 1:20), porém, não é um tema fácil de ser tratado e às vezes de difícil compreensão, devido as controvérsias em volta do mesmo, debatido ao longo da história cristã como nos indica Ferguson, Sinclair B. et al (p. 808, 2009) “Como resultado, a Igreja tem laborado através dos tempos para entender o que Paulo e outros escritores bíblicos quiseram dizer por predestinação”.
Neste sentido, de acordo Louis Berkhof (p. 104-105, 2009) devemos lembrarmos alguns daqueles que estão envolvido diretamente com a temática no transcorrer da história cristã, que buscaram descobrir o cerne da doutrina da predestinação, seja, num aspecto condicional ou incondicional através das páginas das escrituras, os quais foram criando formas e conceitos através da história da teologia, como Agostinhos, Lutero Calvino, Armínio entre muitos outros, tanto na teologia moderna como G. B. Foster, quanto nos dias atuais como Barth.
Destes debates teológicos no passado em torno da predestinação surgiram duas posições teológicas que ficaram conhecidas como arminianismo e calvinismo, sem contar com suas várias ramificações nos dias atuais. Mas no geral a posição Calvinista declara que Deus predestinou alguns para ser salvos e outros a perdição (o homem sem livre arbítrio), já na posição Arminiana a salvação depende da cooperação entre Deus e o homem (livre arbítrio do homem).
Neste sentido, preciso reportar-me a você leitor, que cada um de nós é responsável pela posição assumida, por isso devemos examinar com todo tremor e tremor e pedir iluminação do Espírito Santo para chegarmos uma conclusão sobre a temática, pois, o apostolo Paulo nos adverte, o fundamento da igreja é Cristo, mas o que temos edificado sobre Ele?
[…] pus eu, como sábio arquiteto, o fundamento, e outro edifica sobre ele; mas veja cada um como edifica sobre ele. A obra de cada um se manifestará; na verdade o dia a declarará, porque pelo fogo será descoberta; e o fogo provará qual seja a obra de cada um. Se a obra que alguém edificou nessa parte permanecer, esse receberá galardão. Se a obra de alguém se queimar, sofrerá detrimento; mas o tal será salvo, todavia como pelo fogo. (I Coríntios 3:10-14. Disponível em: https://www.bibliaonline.com.br/acf/1co/3. Acesso em 06/06/19)
Nestes aspectos, a expressão “Pus eu” e “outro edifica” tem grande relevância na expressão de Paulo de acordo (COMENTÁRIO BÍBLICO MOODY, p. 437, 2010), onde “Pus eu […] aponta para a pregação inicial […] enquanto outro edifica (tempo presente, indicando contínua construção)”, ou seja, devemos nos manter fieis ao que os escritores bíblicos originais transmitiram. Por isso, somos responsáveis pela transmissão fiel das Sagradas Escrituras e de suas doutrinas ensinada pelo nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo e transmitida por aqueles que o viram e ouviram.
Agora, voltemos ao texto de 1 Pedro capítulo primeiro, onde chamo a atenção para mais um detalhe do versículo dois sobre os eleitos de Deus, onde os mesmos não foram escolhidos de forma aleatória ou arbitrária, mas teve um meio para se alcançar este fim, que foi “segundo a presciência de Deus”. Mas, o que seria a presciência de Deus? O Que Pedro quis falar?
A palavra presciência vem da junção de dois termos gregos PRO, que quer dizer “antes” e GNOSIS, que aponta para conhecimento, assim “prognosis” significa o preconhecimento de Deus sobre todas as coisas. Corrobora ainda com esta expressão a analise ortográfica da palavra “prognosis” nas passagens bíblicas do Novo Testamento, como: Rm 8:29, 11:2; At 26:5, 1 Pe 1:20, 2 Pe 3:17, At 2:23 e 1 Pe 1:2.
Assim, nestas poucas passagens relevantes, tanto o vb. como o sub. falam principalmente da ação de Deus para com Cristo ou para com os homens, e dão testemunho da Sua atividade como algo planejado e dirigido. Qualquer interpretação nos termos de um constrangimento impessoal (tal como o destino, a sina, ou a fatalidade), ou de uma autonomia que se remove do curso normal dos eventos do mundo, seria uma contradição do emprego destas palavras no NT. (DICIONÁRIO INTERNACIONAL DE TEOLOGIA DO NOVO TESTAMENTO. PDF)
Nestes aspectos, a presciência de Deus não é atribuído como uma ação fatalística ou dado por uma causalidade, mas algo vindo da própria administração de Deus, planejado e dirigido pelo Senhor Deus no controle da história, sobretudo no que diz respeito ao plano da salvação.
A exemplo, citamos os sofrimentos de Jesus Cristo descrito em Atos 2:22-23 “[…] A Jesus Nazareno […] A este que vos foi entregue pelo determinado conselho e presciência de Deus, prendestes, crucificastes e matastes pelas mãos de injustos”; assim como de seus servos, a exemplo de Pedro (Jo 21:18-19) e Paulo (Atos 9:15-16) dentre muitos outros.
Nestes termos, devemos ressaltar diante o exposto da presciência de Deus, que Deus não é o autor do pecado. No entanto, este assunto faz parte da controvérsia entre calvinismo e arminianismo, onde, os arminianos acusam os calvinistas de fazerem Deus autor do pecado, pela ideia calvinista de que Deus decretou uns para salvação e outros para a condenação.
2.2 PELA OBRA SANTIFICADORA DO ESPÍRITO SANTO
Diante ao exposto das controvérsias creio que chegamos aos pontos comuns, pois, ambas as correntes teológicas, seja calvinista ou arminiana concordam que a obediência resulta do poder santificador do Espírito Santo.
Neste ponto, duas perguntas serão de grande importância para o nosso estudo. Primeiro, como essa obra santificadora acontece e segundo quem é este que a realiza? Vamos buscar as respostas pela ordem inversa da pergunta, respondendo primeiro quem é este que realiza para depois responder posteriormente como a santificação acontece.
Encontramos no evangelho apontamentos para responder a esta segunda pergunta, pois, de acordo com João 14:16-17 “eu roguei ao Pai, e ele vos dará outro consolador, para que fique convosco para sempre. O Espírito da verdade, que o mundo não pode receber, porque não o vê, nem o conhece, mas vós o conheceis, porque habita em vós”.
No Antigo Testamento de acordo com Louis (p. 90, 2009 ) o termo “espirito” era empregado sem qualitativos, o que se houve falar apenas os termos “Espírito de Deus” ou “Espírito do Senhor”, o que nos atentaremos mais especificamente ao Novo Testamento.
Nesta tarefa de identificação do Espírito encontramos Jesus chamando-o primeiramente de o “Consolador” que de acordo com Ferguson, Sinclair B. et al (p. 372, 2009), “ele é dado à igreja como outro (i.e., um segundo) Conselheiro” (Jo 14.16), assumindo o papel de Jesus como consolador, aconselhador, ajudador, fortalecedor, apoiador, consultor, advogado, aliado […]”.
Nestes aspectos, podemos atribuir uma personalidade ao Espírito, pela observação clara pelo termo grego “parakletos” traduzido na nossa língua como “consolador”, o que claramente se ver características de uma pessoa possuidor de intelecto (Rm 8:27), emoções (Ef 4:30) e vontade (1 Co 12:11).
Mas também percebemos esta personalidade pela gama de informações dadas nas escrituras que provam estas caraterísticas do Espírito Santo: Fala (Jo 15:26), ora (Rm 8:26-27), guia (Jo 16:13), ensina (1Co 2:13), orienta (Rm 8:14). Outra característica é em relação ao que o homem pode fazer aos Espírito Santo: Mentir (At 5:3), entristecer (Ef 4:30), Insultar (Hb 10:29), Resistir (At 7:51), Apagar (1Ts 5:19).
Cabe ainda ressaltarmos a deidade do Espírito Santo, pois de acordo com Mock (p. 14, 2017) “O Espírito Santo é, quanto à natureza essencial, tão igual a Deus quanto são o Pai e o Filho, e relacionam-se a ambos como uma pessoa.
Provas, quanto a esta afirmação, se acham nas características que de acordo com o mesmo autor diz que pertence somente a Deus, que são atribuídas ao Espírito Santos, como: Eternidade (Hb 9:14), Onipotência (Rm 8:11), Onipresença (Sl 139:7-12), Onisciência (1 Co 2:10-11), Verdade (Jo 14:16-17), Amor (Rm 5:5), Vida (6:63).
Muitas outras coisas poderiam serem ditas sobre a pessoa do Espirito além de sua personalidade e deidade, como sua procedência, suas representações, o Espirito na Revelação e Inspiração, ser tratado seu ministério no Antigo Testamento nos por menores entre muitos outros assuntos, mas nos falta espaço e neste momento vamos nos ater como essa obra santificadora acontece.
O Espírito é aquele de acordo com Jesus em João 16:8 “E, quando ele vier, convencerá o mundo do pecado, e da justiça e do juízo”. Devemos observar em relação ao consolador que era necessário Jesus voltar para junto do Pai, para que o Espírito pudesse vir realizar sua obra, dentre as quais se encontra a santificação do crente, como bem elucidado pelo Comentário Bíblico Moody (p. 262, 2010) no versículo 8, do capítulo 16 de João “O Espírito tinha de vir primeiro para os discípulos (veja final do v. 7), e através deles assumiria a tarefa de convencer os homens”. Ainda de acordo Comentário Bíblico Moody (p. 263, 2010) comentando sobre o capítulo 16:13, enfatiza além da necessidade de convencer, ensinar toda a verdade. “Não a verdade em todos os ramos do conhecimento, mas a verdade nas coisas de Deus, num sentido mais restrito, as coisas que nós chamamos de espirituais (cons. I Co. 2:10)”.
Nestes aspectos, o Espírito age no homem pecador a partir desta tarefa de convencimento do pecado através da pregação da mensagem do evangelho, com o objetivo de levar o homem ao arrependimento e salvação pela fé em Jesus Cristo. No entanto, deste convencer pelo Espírito da verdade se baseia a justiça divina e nesta justiça encontra-se tanto salvação, quanto o castigo eterno aos rebeldes e desobedientes a Deus, que serão lançado no fogo eterno com Satanás e seus anjos (Mt 25:41).
Neste sentido, testemunhamos duas atuações espirituais que agem na vida do homem, ambas contrárias, uma buscando levar o homem a Deus e outra tenta afastá-lo de Deus, enquanto uma gera vida a outra gera morte, enquanto uma cria reconciliação a outra inimizade.
Primeiro encontramos aqueles que continuam em rebeldia, andando segundo o curso deste mundo, segundo o príncipe das potestades do ar, do espírito que agora, opera nos filhos da desobediência (Ef 2:2). Este espírito é o próprio Satanás, leva-os a fazer de tudo quando é carnal e que desagrada a Deus.
Porque as obras da carne são manifestas, as quais são: adultério, fornicação, impureza, lascívia, Idolatria, feitiçaria, inimizades, porfias, emulações, iras, pelejas, dissensões, heresias, Invejas, homicídios, bebedices, glutonarias, e coisas semelhantes a estas, acerca das quais vos declaro, como já antes vos disse, que os que cometem tais coisas não herdarão o reino de Deus. Gálatas 5:19-21
A outra força espiritual, já vimos que de acordo com Ferguson, Sinclair B. et al (p. 372, 2009), (o Espírito Santos) “ele é dado à igreja como outro (i.e., um segundo) Conselheiro” (Jo 14.16), assumindo o papel de Jesus como consolador, aconselhador, ajudador, fortalecedor, apoiador, consultor, advogado, aliado […]”.
Neste sentido, em relação aos salvos em Jesus Cristo o Espírito não realiza sua obra no crente somente pela ocasião do convencimento do pecado da justiça e do juízo, mas faz do crente sua morada e permanece nele para sempre (Jo 14:17-18). Por meio desta habitação contínua do Espírito Santo no crente, podemos chegar ao processo de santificação, sem a qual ninguém verá a Deus (Hb 12:14).
Processo este de santificação realizado desde o momento que fomos convencidos do pecado, da justiça e do juízo (Jo 16:8 ) pela ocasião da pregação do evangelho (Rm 10:) e que continuará acontecendo de forma continua através da palavra de Deus, pelo conhecimento da verdade (Jo 17:17) por meio da igreja (Ef 4:11). Consequentemente levará homens e mulheres de Deus as práticas do fruto espiritual: “Mas o fruto do Espírito é: amor, gozo, paz, longanimidade, benignidade, bondade, fé, mansidão, temperança. (Gálatas 5:22)
Enquanto o homem de Deus, pela fé em Cristo é guiado pelo Espírito Santo, é livre para rejeitar toda forma de pecado e de resistir ao Diabo, o homem sem Cristo é escravizado pelo príncipe das potestades do ar, que é o próprio Satanás e é guiado em cometer tudo quanto não agrada a Deus.
Por quem estamos sendo guiados, pelo Espirito Santo ou pelo espírito da maldade?
2.3 ALCANÇADA PELA ASPERSÃO DO SANGUE DE JESUS
Chegamos em mais um termo que merece toda nossa a atenção “Aspersão do sangue de Jesus”. Mas, afinal o que é aspersão?
De acordo com o Dicionário Internacional de Teologia do Antigo Testamento (p. 412) O termo aspersão deriva de sua forma verbal do grego zãraq, que significa “lançar”, “jogar”, “espalhar em abundância”.
Para que essa ação acontecesse (“lançar”, “jogar”, “espalhar em abundância”), era necessário o sacrifício de um animal. Seu sangue, ou seja, sua vida era oferecida a Deus.
O uso da palavra aspersão encontramos tanto no Antigo Testamento quanto no Novo Testamento. No entanto, sua prática é bem melhor observada no A. T, pois era usado para aspergir o altar (Êx 29:16; Lv 3:2), o sumo sacerdote (Êx 29:21), e também o véu do templo (Lv 4:6; Nm 19:4).
Esta prática tinha como propósito, ensinamentos espirituais:
- O sangue sacrificial tem poder expiatório (Lv 16:6, 15 e),
- purificador (Lv 14)
- e santificador (Êx 29:30-31).
Estes ensinamentos conduziria o povo de Israel a fé em Jesus Cristo, pois, de acordo com Hebreus 9:22 “e sem derramamento de sangue não há remissão”. E esta remissão realizada pelo seu sangue, efetuou uma eterna redenção, o que não poderia ser alcançado por meio de sacrifício de animais.
No entanto de acordo com Dicionário Internacional de Teologia do Antigo Testamento (sangue 2251) “Na comunidade do AT, isto era levado a efeito visivelmente, com o sangue de um animal. Na igreja do NT, é uma realidade espiritual invisível através do sangue de Jesus (1 Pe 1:2; Hb 9:13-14; 10:22)”.
E que, havendo por ele feito a paz pelo sangue da sua cruz, por meio dele reconciliasse consigo mesmo todas as coisas, tanto as que estão na terra, como as que estão nos céus. Colossenses 1:20
Nestes aspectos a aspersão do sangue de Jesus na vida do crente traz riquíssimas bençãos espirituais como vemos em Efésios 1:3 “Bendito o Deus e o Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, a qual nos abençoou com todas as bençãos espirituais nos lugares celestiais em Cristo.
Chegamos ao final deste estudo e temos só que dá glória a Deus por meio de Jesus Cristo no poder santificado do Espírito Santos.
- B) CONSIDERAÇÕES FINAIS
Finalizando, a “1 Exposição Bíblica em 1 Pedro” aprendemos que esta carta foi destinada aos eleitos de Deus. Bem como, dispersos nas cinco províncias da Ásia Menor. Contudo, que seu conteúdo se aplica atualmente e fala com a mesma autoridade em nosso tempo. Portanto, a igreja do Senhor eleita, peregrina e dispersa também na atualidade. Certamente, continua aguardando para ser unida em um só rebanho pelo nosso supremo Pastor a uma pátria superior – a celestial, que será regida com justiça.
Ainda, o resultado do ódio aos cristãos é testemunhada ao longo dos séculos. Bem como, vista primeiramente na igreja primitiva e foram perseguições intensas que se estenderam de forma incessante nos três primeiros séculos e que se seguiram por mais de 1.200 anos. Primeiramente, pelos judeus. Segundo, pelo Império Romano através de seus imperadores e terceiro pelos cristãos nominais pela égide da Igreja Católica Apostólica Romana, sobretudo no que diz respeito ao período da “Inquisição”.
No entanto, depois dessas maciças perseguições contra os cristãos a igreja de Deus continua sendo perseguida nos dias atuais como nos informa instituições religiosas que fomentaram pesquisas neste sentido em volta do mundo, como: China, Egito, Eritreia, Índia, Irã, Iraque, Nigéria, Coréia do Norte, Paquistão, Arábia Saudita, Sudão, Síria, Turquia.
Entretanto, essa condição de vida em meio a perseguição banhado de ódio pelo mundo só foi possível, tanto para eles, quanto para nós, devido o amor de Deus em Cristo Jesus, expressada na Escritura pela eleição de Deus, pela obra santificadora realizada pelo Espírito Santo e, alcançada pelo sacrifício de Cristo no calvário pela fé.
Por fim, a igreja de Cristo nunca deixou de lutar pelos seus ideais cristãos em meio as perseguições e sofrimentos e não vai ser diferente em nossos dias, a igreja continuará forte e militante pela causa do evangelho amada por Deus Cristo, mas odiada pelo mundo.
REFERÊNCIAS
BÍBLIA DE ESTUDO NVI. São Paulo: Editora Vida, 2013.
MOCK, Dennis J. Panorama do Novo Testamento. Bible Training Centre For Pastors. Atlanta, Georgia, EUA. Abril de 1989.
Vilaverde, Carolina. As 8 maiores religiões do mundo. Disponível em: https://super.abril.com.br/blog/superlistas/as-8-maiores-religioes-do-mundo/. Acesso em: 23/05/2018.
A IGREJA PERSEGUIDA. Disponível em: https://www.portasabertas.org.br/artigo/igreja-perseguida. Acesso em
Perseguição contra os cristãos no mundo se agravou nos últimos 2 anos. Disponível em: https://pt.aleteia.org/2017/11/03/perseguicao-contra-os-cristaos-no-mundo-se-agravou-nos-ultimos-2-anos/
Estudo comprova que vivemos a pior perseguição aos cristãos da história. Disponível em: https://www.gospelprime.com.br/estudo-comprova-que-vivemos-pior-perseguicao-aos-cristaos-da-historia/
Brown, Colin e Coenen, Lothar (orgs). Dicionário Internacional de Teologia do Novo Testamento/; (tradução Gordon Chownl. — 2. ed. – Sâo Paulo: Vida Nova, 2000. Formato digital em PDF.
CARROLL, J. M. O Rasto de Sangue: acompanhando os cristãos através dos séculos. Edição 2007, PDF.
KNIGHT, A. E. História do cristianismo. 2ª Edição, Rio de Janeiro: Casa Publicadoras Assembleia de Deus, 1983.
Comentário Bíblico. 1 Pedro 1:1-25 – Programa E-Swor
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